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Senhor! Senhor! Que os verbos luminosos
Do amor, da perfeição, da liberdade
Inflamem minhas vozes neste instante!
Que o meu grito bem alto se levante
Conduzindo a mensagem benfazeja
Das esperanças para a Humanidade!
Senhor! Senhor! Que paire sobre o mundo
A luz do teu poder inigualável
Que os lírios te saúdem perfumando
Os arrebóis, as noites, as auroras
Hinos de amor, que os pássaros te elevem
Dos seus ninhos de plácida harmonia
Que as fontes no seu doce murmúrio
Te bendigam com terna suavidade
Que todo o ser no mundo se descubra
Perante a tua excelsa majestade
Saturado do amor onipotente
Que promana abundante do teu seio!
Senhor! Que a minha voz altissonante
Se propague entre os homens; que a verdade
Resplandeça na terra da amargura!
Ó Pai! Tu que removes o impossível
Que transmudas em rosas os espinhos
E que espancas a treva dos caminhos
Com a luz que afirma a tua onipotência
Permite que minh'alma seja ouvida
Na vastidão do mundo do desterro
Que os meus irmãos da Terra me recebam
Como o ausente invisível, redivivo!
Irmãos, eis-me de novo ao vosso lado!
Venho de esferas lúcidas, radiosas
Atravessei estradas tenebrosas
E sendas deslumbrantes e estelíferas
Empunhando o saltério da esperança
Pude transpor abismos de ouro e rosas
Sendas de sonho e báratros escuros
Planetas como naus sem palinuros
Nos oceanos do éter Infinito!
Contemplei Vias-Lácteas assombrosas
Visões de sóis eternos, confundidas
Entre estrelas igníferas, distantes
Vi astros portentosos, desferindo
Harmonias de amor e claridades
E humanidades entre humanidades
Povoando o Universo esplendoroso
Descansei sobre as ilhas de repouso
Em lindos arquipélagos distantes
Habitei os palácios encantados
Em retiros de amor calmo e sereno
Onde o solo é formado de ouro e neve
Onde a treva e onde a noite são apenas
Recordações de mundos obscuros!
Onde as flores do afeto imperecível
Não se emurchecem como sobre a Terra
Lá, nesses orbes lúcidos, divinos
O amor, somente o amor, nutre e dá vida
Somente o amor é a vibração de tudo!
Vi céus por sobre céus inumeráveis
Mundos de dor e mundos de alegria
Em luminosidades e harmonias
Aos beijos arcangélicos da luz
Que é mensagem de Deus por toda a parte!
E apenas conheci um pormenor
Um detalhe minúsculo, um fragmento
Da Criação infinita e resplendente
Ah! Morte!... A Morte é o anjo luminoso
Da liberdade franca, jubilosa
Quando a esperamos tristes e abatidos
Quando nos traz imácula e sublime
A chama da esperança dentro d'alma
Amando-se da vida os bens mais nobres
Se o mundo abafa em nós toda a alegria
Roubando-nos afetos e consolos
Martirizando o coração dorido
Na cruz dos sofrimentos mais austeros
A morte corrobora as nossas crenças
As nossas esperanças mais profundas
Rompendo o véu que encobre à nossa vista
O eterno panorama do Universo
E aponta-nos o céu, a imensidade
Onde as almas ditosas se engrandecem
Outras almas guiando em labirintos
Para a luz, para a vida e para o amor!
Que representa a Terra, ante a grandeza
De tantos sóis e orbes luminosos?
É somente uma estância pequenina
Onde a dor e onde a lágrima divina
Modelam almas para a perfeição
É apenas um degrau na imensidade
Onde se regenera no tormento
Quem se afasta da Luz e da verdade
Ela é somente o exílio temporário
Onde se sofre a angústia da distância
Dos que amamos com alma e com fervor
Morte! Que te abençoem sofredores
Que te bendiga o espírito abatido
Já que és a terna mão libertadora
Dos escravos da carne, dos escravos
Das aflições, das dores, da tortura!
Bendigo-te por tudo o que me deste
Pela beleza da imortalidade
Pela visão dos céus resplandecentes
Pelos beijos dos seres bem-amados
Senhor! Senhor! Que a minha voz se estenda
Como um canto sublime de esperança
Sobre a fronte de todos quantos sofrem
Ansiando mais luz, mais liberdade
No orbe da expiação e da impiedade!
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