Letra de 'Negro do Mundo Lunar' de Risco

Parte do Clube da Esquina
Paranoia delirante
Do tipo odeio buzina
E vejo mais que os volantes
Vejo o semblante esculpido
Num quadro ignorante e que
Pela merda no vidro
Deve ter sido interessante
Mais um dia e mais um carro
Estacionado meio torto
Mais um dia de trabalho
E mais um corpo meio morto
Eu bicho solto, viro caça
Com raiva eu sou um perigo
Mas que os cães na minha bota
No skate sou foragido

E faz um tempo que essa caravana aqui não para
Tempo o suficiente para ver que o tempo não para
Repara que é o mesmo sorriso que eu levo na cara
Que a rima é da cor preta e rara tipo Preta Rara
Sou só um menino
Da condição latino-americano
Brasileiro, nordestino
Franzino, cheio de planos e versos
Bem mais que frases nutridas no tédio
Nascidas como os favos
Do Espírito periférico
Condição que nem sempre me permite a condução
Então tento conduzir minha direção na intuição, irmão
Eu sou a contradição da falsa conscientização
E não me deram olhos, mas eu peguei a visão e
Aqui quem tem olho é rei
Do reino do olho da rua
Rabisca risco na rampa
Se arrisca rindo com as Runas, pois
Nem tudo são Dores
Se assim permite a ditadura popular
Eu vou cantar as flores e as cores
Irão molhar o rosto para dar
Contorno aos traços da real Face do Povo
Expressa no cansaço dos seus braços
E eu vou dar passo por passo
Com meus sonhos na mochila
Atar laço por laço
E as linhas são infinitas
Os tempos me dão o compasso e
Eu já canto em sintonia
Por isso a vida é um Palco
O espetáculo se inicia

Eu vivo fora dos Quintais
Porque a selva me interessa
Deitei nos Mananciais e
Me ofereci a Floresta de Pedra

Eu tô na rua contemplando este luar
E no silêncio da matina tu ouvirás meu caminhar
Vou pelas ruas fugindo para outro lugar
Janelas se abram ao Negro do mundo lunar

O movimento é meu corpo
Minh'alma paleta de cores
Meu pensamento é frequência
Que atrai interlocutores
Não tô louco pois sanidade
É um discurso para boi dormir
Minha cara preta de sono
É careta para não ter que ouvir
Não só diamantes têm facetas
Que nada nos defina
Palavras são mais que letras
Mais do que significa
Eu retrato as imagens
São mais do que impressões e
Tudo que passa São fases
E as fases passam lições
Eu sou eterno aprendiz
Da escola que não tem porta
Nem lâmpadas, nem axiomas
Trata-se de vida quântica e
É melhor cuidar mesmo de quem se ama
Enquanto o cuidado ainda vale
O que não se paga com grana

Eu quero ser o que sobrar de mais humano dentre as máquinas
Lubrificar sem óleo os olhos precisam de lágrimas
Eu quero ser o que sobrar de mais humano dentre as máquinas
Lubrificar sem óleo os olhos precisam de lágrimas

Eu quero ser o que sobrar de mais humano dentre as máquinas
Lubrificar sem óleo os olhos precisam de lágrimas
Eu quero ser o que sobrar de mais humano dentre as máquinas
Lubrificar sem óleo os olhos precisam de lágrimas